7 de novembro de 2006

Um aveirense em Lisboa

Fora de linha

Já passavam 5 horas depois de ter saído da estação de Aveiro e encontrava-me bem de saúde dentro de um Alfa Pendular em Vila Franca de Xira. Estava com os auriculares oferecidos a ouvir "I don't feel like dancing" dos scissor sisters, batendo suavemente os dedos no banco da frente e abanando a cabeça discretamente. Por fim a viagem estava a chegar ao fim, depois de tanta confusão causada pelas intempéries em Tomar que tinham atingido a linha ferroviária, obrigando a CP a criar transbordo entre Pombal e Entrocamento nos dois sentidos.
Para quem sabe o que a casa gasta, já devia saber que esta história de criar transbordo não ia correr nada bem. Quando em Portugal se tenta remediar uma situação é certo e sabido que boa coisa não sai. A intenção até foi boa mas infelizmente houve rebuliço ao chegar a Pombal. Ao sair da estação ninguém sabia o que lhe esperava, mas rapidamente se aperceberam que ia ser um longo dia. Não havia autocarros no nosso campo visual.

Passaram-se momentos de incerteza e de alguma indignação por parte de alguns idosos que diziam que os políticos é que tinham a culpa. Quando chegou o autocarro reconheci finalmente de que material é feito o povo português. Todos correram na direcção do autocarro que aos olhos de alguns era certamente uma miragem. Entre cotoveladas e atropelos lá nos concentrámos à entrada do autocarro que tinha dois andares. Para vossa informação cheguei a entrar no autocarro mas imediatamente tive de sair por imposição do motorista que não permitiu que houvesse pessoas a viajar de pé. Assim que saí vi outro autocarro a ser atacado por uma multidão em fúria. Fiquei desolado porque para além de ter perdido dois autocarros, estava à chuva. Sinceramente este tipo de situações não deviam sequer fazer parte do imaginário quanto mais acontecerem. Estavam umas 200 pessoas na mesma situação que eu mas isso não me deixou conformado. E como se costuma dizer"À terceira é de vez". Quando vi o autocarro para a liberdade a chegar comecei a correr e entrei sem hesitar.

O autocarro demorou algum tempo a arrancar devido a um sujeito que queria bater no motorista ouvindo-se algumas piadas "Não bata no motorista porque senão ele não nos pode levar para o Entrocamento cheio de ligaduras". No Entrocamento mais cenas lamentáveis. As pessoas pareciam baratas tontas andando de um lado para o outro à procura de informações. Quinze minutos depois houve alguém que disse que o comboio para Lisboa era o Alfa estacionado na linha 4. E foi assim que eu passei uma maravilhosa tarde de Domingo. Mas há que pensar positivo... Pelo menos não houve greve de metro nesse dia.

Saudações Alfacinhas

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