2 de janeiro de 2007

Diário de umas férias

Santo varão, 25 de Dezembro de 2006

Vim hoje para cá com a intenção de descansar e preparar-me para mais uma ano de trabalho. Como não tenho Internet cá, vou escrevendo como se fosse um diário para publicar tudo num só post, pois se escrever 6 ou 7 posts de uma vez aposto que o pessoal cansa-se.
Esta semana vai ser um teste para mim. Além de não ter intrenet, a televisão está avariada. Será que vou conseguir passar uma semana sem estes dois meios de comunicação? O teste só não será completo pois trouxe o meu computador, que felizmente é portátil. E assim, posso passar algum tempo a escrever, como estou a fazer agora. Eu vou dizendo os meus progressos ao longo desta semana e ver se consigo passar este desafio. Esta primeira noite está a correr bem. Mas... e amanhã? E depois? Bem, o que vier , virá. E eu só tenho de estar preparado para o que vier.
A viagem correu bem. Apanhei algum trânsito, mas nada que fizesse perder a calma ou que me atrasasse (espero que seja assim que se escreva). Cheguei em 45m cá, pois vim devagar e sem pressa nenhuma, pois já lá diz o ditado:”Vou devagar que tenho pressa”. A viagem faz-se muito bem e sem qualquer tipo de problema. Acho que vou começar a fazê-la mais vezes.

Santo Varão, 26 de Dezembro de 2006

Hoje, como acoredei tarde, depois de tomar o pequno-almoço, fui beber um café e depois dar admirar a beleza do rio Mondego, embora fique longe da beleza da nossa ria de Aveiro. De tarde, depois do almoço, não tendo nada que fazer, peguei no carro e fui dar uma volta. Resolvi ir ao castelo de Montemor-O-Velho. Confesso que é uma visita que se faz melhor acompanhado que sozinho. Principalmente com uma companhia feminina. Mas, enfim. É a vida.
Sempre que visito castelos, emociono-me sempre ao saber que estou a passar por sitios que já eram habitados no inicio do milénio. Que sensação, passear nas muralhas, imaginando ser um cavaleiro, com a sua armadura, escudo e espada, vagueando e espreitando para visualizar qualquer aparição do inimigo. Cortejando as belas damas que por ali se passeavam, defendia o meu país dos invasores mouros. Claro, que se soubessem o que se passa hoje em Portugal, acho que se tinham deixado ficar quietos e sem arriscar o pêlo.
Quem manda hoje no nosso país, não tem qualquer tipo de respeito por estes homens e mulheres que derramaram sangue, suor e lágrimas para fazerem de portugal um grande país; muitas vezes imagino o que faria D. Afonso Henriques se hoje pudesse visitar Portugal. Ele a pegar na sua espada perante o parlamento português e, brandindo a sua espada no ar, diria: “Ah, seus infiéis! O que haveis feito com o país que tão árduamente conquistei? Esta espada pode já estar enferrujada, mas é mais que suficiente para vos expulsar daqui. AO ATAQUE! MORRAM, CÃES INFIÉIS! PORTUGAL VAI VOLTAR A SER DO POVO PORTUGUÊS! OS MEUS CAVALEIROS E FIÉIS SÚBDITOS NÃO DERRAMARAM TANTO SANGUE PARA AGORA VIREM MEIA DÚZIA DE MOUROS ESTRAGAREM O NOSSO TEABALHO!”
Ou, então, simplesmente voltava para a sua campa, dizendo: “Foi para isto que os antigos portugueses derramaram sangue, suor e lágrimas?”


Santo Varão, 27 de Dezembro de 2006


Hoje fui dar uma volta de manhã até ao rio Mondego. Gosto de passear junto ao rio de manhã, apanhar ar puro e ver do pouco verde que ainda há no nosso país. Sabe bem para abrir o apetite para o almoço, que por sinal sou eu e o meu avô que o fazemos. E acho que descobri uma vocação para a cozinha. Pelo menos ainda não morri de inanição (espero que seja assim que se escreve).
De tarde pequei no meu avô e no meu carro e fomos dar um passeio. O meu avô ficou contente por ir passear com o neto, e o neto ficou contente por poder proporcionar um passeio agradável por Montemor-O-Velho até à Figueira da Foz a um homem que merecia uma estátua bem grande de ouro por tudo o que fez pela familia. Aproveitámos e fomos ás compras em Montemor. Hoje, como não aconteceu mais nada de especial, vou –me deitar, pois o frio já me está a enregelar os ossos. Até breve.




Santo Varão, 28 de Dezembro de 2006

Como hoje acordei um bocadito mais cedo que o habitual, cerca das 9h, aproveitei e fui dar uma pequena limpeza por dentro ao meu carro. Depois, aproveitei o sol matinal, que com a subida das temperaturas, jéstava a dar um calor agradável, fui dar um grande passeio a pé aqui pela zona, que incluiu o rio Mondego, claro, Pereira e a zona da fábrica da resina (que não há muitos anos apareceu nas noticias pelas piores razões, onde deu até para a minha avó falar para a televisão, penso eu que foi na SIC). Depois do passeio fui beber um café e ala para casa que o estômago já estava a pedir almoço. Nesta altura ainda não sabia o que fazer à tarde.
De tarde aconteceu uma coisa curiosa. Indo eu mais o meu avô tomar o café depois do almoço (atenção que eu só bebo 2 cafés por dia, 1 de manhã e outro depois do almoço. Mas hoje calhou falar disso.), quando fizemos o caminho para a pastelaria em 45m quando se chega lá bem em 5 (como o meu avô já anda mais devagar, faz-se em 10m). E isto acontece porque como a pastelaria fica na aldeia, as pessoas mais antigas conhecem-se todas e falam umas com as outras. Uma das coisas que mais gosto de Santo Varão é isso mesmo. Sempre que lá passo é sempre a mesma coisa. Cumprimento toda a gente que vejo, mesmo que não conheça, pois sei que as pessoas vão responder ao meu cumprimento. Uma vez, fiz a experiência de fazer isso com uns jovens da minha idade. Ainda hoje estou à espera de resposta. Adoro ir pela aldeia e, no meio dos cumprimentos, trocar dois dedos de conversa com pessoas que me podem ensinar bastante, pois a escola da vida delas ensinou-as bem. Adoro falar com as pessoas com idades mais avançadas na idade que eu(pessoas como o meu avô), pois ensinam-me, ou, pelo menos, podem ensinar-me coisas úteis para mim e para a minha vida. Sem desrespeito para com ninguém, mas com pessoal da minha idade já não gosto de fazer isso. Excepto meia dúzia de excepções, os outros só sabem falar de bebedeiras, noitadas e afins. Não falam nada que interesse a ninguém e é pena, pois como a inteligência não é um ponto forte meu, gosto de aprender com que é maisx inteligente e sabe mais que eu.
À tarde, resolvi ir lanchar a Tentúgal, terra dos famosos pastéis de tentúgal. Peguei no meu avô, que raramente sai daqui sem ser para ir a Coimbra ou a Aveiro, E lá fomos nós. A seguir, querendo eu ainda ir dar uma volta, fui mostrar ao meu avô um caminho que tive oportunidade de fazer no Verão, mas nessa altura de bicicleta, no meio de intenso calor. Passei por Montemor, depois apanhando uma estrada por meio do campo, fui dar à Ereira, donde passei o rio Mondego e fui até Verride. Daí, depois de subir uma estrada com grande inclinação (faz-se bem de carro, de bicicleta ia caindo para trás, tal a inclinação). Depois vai-se por Vila Nova da Barca, onde se começaa descer para o marujal(não confundir com Marujo). Daí vai-se até Alfarelos (quem já andou de comboio deve conhecer a estação de Alfarelos, perto de Coimbra, embora na prática a estação se situe na freguesia de Granja do Ulmeiro) e desce-se até a Granja do Ulmeiro, apanhando-se depois aí a estrada para Santo Varão. De carro, estas viagens fazem-se aí em 20 a 30 minutos, mas de bicicleta demorei cerca de 2h30m (um ciclista profissional faria este percurso em cerca de 1h mais alguns minutos).
Como embora não esteja tanto frio como da ultima vez, o frio está a atacar outra vez e eu vou dar uma volta até ao vale de lençóis. Até breve.


Santo Varão, 29 de Dezembro de 2006

Hoje é que não aconteceu mesmo nada de especial. Quando me levantei e tomei o pequeno-almoço (já tarde, como deve ser numas férias. Aliás, com este frio levantar-me cedo para quê? Para morrer congelado?) é que a minha avó me diz: “João, hoje vamos ás compras. O que é que tu queres?” Eu, sinceramente, queria ir dar uma volta e aproveitar o resto da manhã mas enfim. Avó é avó, não é? Assim, lá fomos e além de comprar umas coisitas para mim, aproveitei para comprar uns presentes atrasados de natal. Mais vale tarde que nunca, não é?
De tarde, devido á chuva que caiu á tarde não fiz nada de especial. Foi estar ao pé do aquecedor a ler a MAXMEN (a deste mês está demais, acreditem) e a escrever qualquer coisa aqui no computador. Como hoje não aconteceu mais nada, fico á espera do dia de amanhã, a ver o que acontece.
Por falar nisso, já disse que estou sem ver televisão e sem ler jornais desde o inicio da semana. Como irá a cidade nesta altura? Das últimas vezes que li jornais, o presidente do nosso Beira-Mar disse que vinham reforços bombásticos a caminho. Terãoi sido eles a causar uma série de estrondos que ouvi aqui hoje? Ou será que essas bombas são de pólvora seca? Enfim, não sei porque é que dizem essas coisas. Até breve.


Santo Varão, 30 de Dezembro de 2006

Hoje já foi um dia mais preenchido e interessante. De manhã, depois de comer, e ainda antes de comer, fui aqui à minha futura morada ver o meu padrinho que morreu faz hoje exactamente 8 anos. Fui fazer uma pequena homenagem a esse grande homem, que merece. Parece que ainda hoje estou a ver. Eu a ir a casa dele e quando chego, está a fazer chumbadas para ir à pesca. Então, durante tardes inteiras, estava a falar com ele e ajudava-o a fazer chumbadas. Ainda hoje a minha maior tristeza foi nunca ter ido À pesca com ele. Morreu ele de certeza com essa mágoa e vou morrer eu com essa mágoa.
De tarde, fui a Tentúgal comprar uns pastéis para levar á familia quando for para Aveiro. Uma terra bastante simpática e aconselho a irem lá tomar oum café e comer uns pastéis de Tentúgal.
Depois disso fui dar um banho ao meu carro, já que o porco do dono (que por acaso sou eu) não o lava. Gosto bastante do meu carro, mas ainda hoje digo para quem quer ouvir que só tem um defeito, que é o dono. Fora isso, é o melhor carro do mundo. Basta dizer que é o meu carro.
Amanhã já regresso a Aveiro para passar o ano novo, por isso vou-me despedir desta espécie de diário. Quando voltar a escrever será já, provavelmente, no dia 1 de Janeiro de 2007, directamente no blog. Isto vai parecer estranho, mas vou desejar um bom ano novo a todos os loucos (como eu) que lêem este blog. Que o ano novo termine bem (até dizia para começar bem, mas com tudo a aumentar menos o ordenado, acho que é impossível desejar isso).
Até breve, já aí em Aveiro.

2 comentários:

Al Berto disse...

Viva João:

Bom regresso.

Dada a sua actualidade propõe-se ser altura de todos os blogues aderentes colocarem este pequeno banner do VOTO SIM no seu canto superior esquerdo.
Tudo é feito de forma automática bastando para isso colocar o script, que se encontra no link abaixo descriminado, no código do template:

http://cd.no.sapo.pt/voto_sim.txt

O esclarecimento é o melhor conselheiro.
Um feliz 2007.

Um abraço,

Anónimo disse...

Gostei de ler o diário, é o retrato fiel da aldeia de Santo Varão.
Característica pelo seu conservadorismo eclesial, onde nada evolui e se expugnam aqueles que, fora dos cículos czaristas (dois ou três na pequena aldeia, o que já é muito para tanta pequenez), não os servem com bajulação. Por isso mesmo, é deprimente viver em Santo Varão, restando apenas a paisagem, que por enquanto ainda é património público, ou melhor como os grandes com g pequeno de Santo Varão ainda lhe chamam - do Povo-.
De facto é uma aldeia especial, onde estão enraízadas as mentalidades pseudoconservadoras rodopiando à roda da igreja, que os tem vindo a servir, bem como às suas famílias, assegurando-lhes o precioso bem estar social e económico.
E os outros, fora do círculo, são lembrados sempre que e, inumeras vezes ao ano, é necessário dinheiro para pagar, claro está, as infinitas obras não sei de quê, as feiras não sei para quê, entre outros peditórios, já para não falar do montante que é aplicado nas famosas festas de Santo Varão, cujo programa é como se vê aliciante e prima pela inovação, contribuindo ainda para inserir inúmeras famílias que nos recentes anos escolheram a famosa aldeia para viver (refiro-me à missa procissão, missa procissão e mais qualquer coisa na igreja). Bem pensado, no fundo assim garante-se que os beneficiários sejam sempre os mesmos, ou seja aqueles que pertencem à grande família daquela terra. Aos outros... dá-se um bocadinho de fogo de artifício, é bem bonito e assim, no próximo peditório, já podemos bater-lhes à porta outra vez!
Os valores e as boas praticas sociais e humanas, agradecem que novas mentalidades apareçam, os nossos filhos agradecem!

tb